domingo, 27 de agosto de 2017

Vida Consagrada: Sinal do Reino dos Céus no Mundo

    Na terceira semana do mês de agosto, a Igreja no Brasil dedica suas orações às pessoas consagradas¹ – seja como leigos, seja como religiosos – e convida os fiéis, que ainda discernem sua vocação, a contemplar o testemunho desses homens e mulheres, cuja vida neste mundo é sinal escatológico do Reino de Deus, e se questionarem se à consagração Deus os chama.
      O sacramento da ordem imprime caráter nos sujeitos que o recebem, e é ele que, pelo princípio de funcionalidade, introduz na Igreja as diferentes categorias de fiéis, todos eles com igual dignidade de filhos de Deus². Os clérigos têm no sacramento da ordem o seu caminho de santificação. Os casados o têm no sacramento do matrimônio. Mas outros fiéis têm em uma consagração especial de vida o seu caminho de santidade³. Eles podem ser chamados a vivê-la enquanto religiosos⁴, como os monges e frades, ou a vivê-la enquanto leigos, como os membros de Institutos de Vida Secular⁵ e Sociedades de Vida Apostólica⁶.
    A partir do Concílio Vaticano II, de cujo patrimônio intelectual nós recebemos a Constituição Dogmática Lumen Gentium, que, além da apresentar “a natureza e missão universal da Igreja”⁷, evidenciou o chamado à santidade de todos os fiéis⁸, gradualmente cresceu a consciência de clérigos e leigos acerca da urgência de uma nova evangelização da sociedade. Nesse ínterim, surgiram com cifras cada vez maiores os Movimentos e Novas Comunidades, ao que João Paulo II chamou “primavera da Igreja”, a proporem formas renovadas de vida cristã, com ênfase em um autêntico discipulado, na comunhão fraterna e na missão. Ao longo dos anos, nas Associações de Fiéis⁹ originou-se a compreensão e vivência de uma “consagração ao carisma”, isto é, de uma forma de pertença comum a leigos e/ou clérigos, que encontram em certa identidade espiritual o seu chamamento pessoal e comunitário à santidade que Deus lhes reservou. Esse fenômeno tem sido acompanhado diligentemente pela Igreja, como se observou na recente Carta da Congregação para a Doutrina da Fé “Iuvenescit Ecclesia”¹⁰, que, admirada, contempla as maravilhas de Deus realizadas na saudável relação entre os dons hierárquicos e carismáticos.
      Como em cada estado de vida manifesta Deus a sua santidade, nas consagrações especiais que se efetuam no seio da Igreja podem todos os fiéis encontrar um grito profético na vida destes homens e mulheres, que buscam cada qual a seu modo dar a conhecer a radicalidade do seguimento de Jesus Cristo. Por seu múnus sacerdotal, eles consagram a Deus primeiramente as suas vidas, mas não menos suas energias, seus bens, seu tempo, seus dons, tornando oferenda ao Senhor aquilo que são e fazem. E, por seu múnus régio, procuram eles estar solícitos ao serviço das urgências para as quais o carisma deles está na Igreja para atender.
    Um número considerável de fiéis tem aderido a essas novas expressões de consagração. No entanto, como todo chamado, exige discernimento e responsabilidade, pois Deus é glorificado quando é feita a sua vontade. O homem, para alcançar a glória à qual Deus o destinou, precisa estar na vocação certa. A santidade dele e, de certo modo, a de muitas pessoas, depende da integridade e integralidade do seu sim vocacional. Não adianta dar a Deus o que Deus não quer. E, ainda, a longo prazo, nenhum homem chega à plenitude pessoal apenas realizando as próprias vontades. Se assim fosse, o mundo devia ser uma fábrica de felicidade, um parque de diversões com proporções globais, que enxugaria todas as faces e cobriria de sorriso todas as bocas. Mas essa não é a verdade. João afirma: O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente¹¹.
       Feliz o homem que na lei do Senhor Deus vai progredindo¹². A nova lei agora está gravada no íntimo de nós¹³, pois a aliança dos tempos messiânicos – que são esses – é o amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo¹⁴, dado por Cristo como o dom do Pai para todos aqueles que ele resgatou com o seu sangue¹⁵. A nossa vida clama pela sua realização final, que está radicada na Santíssima Trindade¹⁶. Fora de Deus, tudo é provisório, insuficiente, impróprio para nos fazer entrar em posse da felicidade que nós ansiamos. A glorificação de Deus é o movimento natural de toda vida que se volta para o cumprimento de sua vontade. Assim, mais feliz será o homem quanto mais se voltar para Deus, para glorificá-lo no caminho de sua própria bem-aventurança.
        Rezemos pela vocação daqueles que deixaram tudo pelo Senhor. E por tantos outros que o hão de seguir, mas que precisam de discernimento e fortaleza para fazerem as escolhas necessárias à consecução de sua jornada espiritual.
      Que todo medo seja superado pelo amor de Cristo, do qual Paulo fala que nada nos pode separar¹⁷, e que os passos vocacionais daqueles que leem esse artigo sejam edificados sobre a rocha, que é o Senhor. Nem o vento nem a chuva poderão derrubar o que está edificado sobre ele¹⁸. As muitas águas nunca apagarão o amor¹. É preciso atender àquele que chama. E, se Deus o chama a uma consagração, volte para ele o rosto, e não as costas²⁰. Ele o ama, e promete sua presença em todos os momentos: Se passares pela água e pelo fogo, eu estarei contigo²¹.
Pedro Thiago da Cruz Costa
Membro celibatário da
Comunidade Mater Dolorosa de Jerusalém






                                                  
                                                     

                                              


1 Catecismo da Igreja Católica (CEC), 916.
2 Código de Direito Canônico (CIC), cân. 207.
3 CEC 914.
4 CEC 925-927.
5 CEC 928-929.
6 CEC 930.
7 LG 1.
8 LG 39-42.
9 CIC, cân. 298.
10 Carta da Congregação para a Doutrina da Fé aos Bispos da Igreja Católica, Sobre a Relação de Dons Hierárquicos e Carismáticos para a Vida e Missão da Igreja, aprovada em 14 de março de 2016 pelo Papa Francisco e dada em Roma, em 15 de maio de 2016, na Solenidade de Pentecotes.
11 1 João 2, 17.
12 Cf. Salmo 118, 1.
13 Jeremias 31, 33.
14 Romanos 5, 5.
15 Apocalipse 1, 5.
16 CEC 1.
17 Romanos 8, 39.
18 Mateus 7, 25.
19 Cântico dos Cânticos 8,7.
20 Jeremias 32, 33.
21 Cf. Isaías 43, 2.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A Vida Religiosa: Abertura aos Planos de Deus

Paz e Bem!
            Eu me chamo Mayara, sou noviça na Congregação das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, e moro no Noviciado Madre Francisca do Sagrado Coração, que faz parte da paróquia da Catedral, estamos bem aqui pertinho da Capela Nossa Senhora das Graças.
            Mas o que significa isso? Você pode estar se perguntando e, ainda, porque estou escrevendo isso aqui? Bem, me pediram para partilhar sobre a vocação à vida religiosa. Mas será que vai ser aquela mesma coisa de sempre, de mês vocacional e etc e tal? Bom eu vou tentar não fazer isso, até porque existem documentos, tratados, livros e reflexões que explicam teologicamente e sistematicamente o que é a vocação e isso eu (ainda) não sei fazer, mas o que eu posso fazer é falar um pouco de mim, da minha história e como eu me encontro hoje na Vida Religiosa.
            Bem, a minha história é cheia de fatos marcantes, de indecisões, inquietações e descobertas, mas talvez não seja uma história diferente de outras histórias que você conheça ou já tenha ouvido por aí. Mas se tratando de Jesus, sempre precisamos ter a certeza de que Ele só conta até 1, e que pra cada 1 Ele tem um chamado e espera uma resposta única.
            Foi somente no final da minha adolescência que eu comecei a levar bem a sério as coisas da Igreja e, dentre várias coisas que me encantavam na Igreja, a Vida Religiosa era só uma coisa que eu considerava bonita, necessária, mas de longe, sem nunca ter pensado nisso como possibilidade real. Para os meus poucos anos de caminhada na Igreja, ser freira era algo legal, mas definitivamente não era para mim. Na minha cabeça deveria ser para quem tivesse algo de especial, para quem não pecasse e que estivesse bem perto do céu. Foi então que pra minha surpresa, eu comecei a me sentir chamada ou tocada, por algo que eu não sabia explicar e não entendia, sem nada de extraordinário ter acontecido, a minha vida pastoral – paroquial ia me deixando mais inquieta do que em paz, tudo parecia muito confuso, até porque eu já tinha uma vida toda planejada, eu trabalhava pra custear o sonho da faculdade, queria ter um emprego melhor, um carro, um bom namorado, participar dos eventos da paróquia e me sentir bem com Deus e comigo mesma.
            Mas o tempo de preparação para a Crisma foi um tempo de me aprofundar de verdade no seguimento de Cristo, afinal eu já tinha 18 anos e estava decidida a seguir Jesus, mas não sabia como. Eu, então, comecei a rezar para descobrir isso, mas Vida Religiosa nunca foi algo no meu horizonte, mas ela surgiu, como resposta às minhas orações, através da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, foi como eu conheci a Congregação, e logo no primeiro contato telefônico eu disse a irmã do outro lado da linha que eu não sabia o porquê eu estava ligando. A irmã me disse naquele momento que eu não precisava saber, só precisava estar aberta aos planos de Deus pra minha vida. Isso é algo muito sério: ESTAR ABERTO (A) AOS PLANOS DE DEUS, e a vida religiosa se trata basicamente disso, de estarmos abertos aos planos de Deus.
            Você alguma vez se perguntou ou rezou sobre isso? Certamente você já deve ter cantado alguma música que fale sobre isso, mas de verdade já pensou se você está disposto a colocar os planos de Deus acima dos planos que você ou que sua família fizeram para a sua vida? Pense nisso, ou melhor, reze sobre isso.
            Eu não fiz isso, bom até fiz, pensei e rezei e fui percebendo aos poucos que Jesus me pedia algo mais, que eu não era chamada a viver uma vida só pra mim, mas que o “eu” deveria alargar o meu coração. E quando eu percebi isso, eu tive medo, mas muito medo mesmo, afinal eu ainda tinha uma ideia errada de que a Vida Religiosa era coisa para gente perfeita, de gente que nem pecado tinha. E com muito medo, eu parei algo que chamamos de Acompanhamento Vocacional, que na verdade é um processo lindo, de autodescoberta, de oração e de reflexão, onde uma irmã bem experiente tinha a missão de me ajudar a discernir se a minha vocação era ou não a vida religiosa. Eu estava ali vendo e vivendo esse processo, mas o medo e a vontade de fazer tudo do meu jeito ao invés de tentar (só tentar) fazer do jeito de Deus, me fizeram sair desse processo.
            Já pensou sobre isso? Nas vezes que deixamos de olhar diretamente pra Jesus por medo? Nas vezes que fechamos nossos ouvidos pra coisas que o Senhor tem nos falado tão claramente?
            Eu sai do acompanhamento vocacional, e fui “viver a minha vida”, comecei uma faculdade, namorei, mudei de emprego, e continuei a fazer tudo o que eu fazia antes, sair com os amigos, participar da Igreja, ir a praia e etc. Mas algo estava diferente, não nas coisas que eu fazia, mas dentro de mim. Eu tinha sido tocada, eu me sentia chamada, e parecia que Jesus estava sempre me pedindo mais alguma coisa. E mesmo tentando lutar contra, acabei por reconhecer que é uma luta desigual, e que ao invés de perder eu só tinha a ganhar por fazer a vontade de Deus pra minha vida. E então, eu voltei para o Acompanhamento Vocacional e fui rezando e chorando, sorrindo e compreendendo que um Carisma não é algo que eu possa escolher, mas que é algo que já estava dentro de mim, e que na verdade eu não precisava entender tudo, que eu só precisava é me entregar à vontade de Deus e ao chamado que Jesus estava me mostrando, e isso é algo tão surpreendente como uma montanha russa que tira tudo do lugar, mais mesmo assim a gente desce de lá sem controlar o riso. E é disso que se trata a Vida Religiosa Consagrada: de responder ao chamado de Deus. A iniciativa é sempre d’Ele, e temos até a liberdade de dizer não, mas para quem é chamado, só o SIM traz a felicidade, aquela verdadeira que nasce do Coração de Jesus.
            Bom, isso é um pouco da minha história, que ainda esta sendo construída, na busca em viver de verdade uma vida Casta, em Pobreza e em Obediência, espalhando o Amor do Coração de Jesus a partir da espiritualidade de São Francisco pelo mundo, ou no pedaço de mundo a qual o Senhor me enviar, por enquanto estou aqui por Petrópolis vivendo o noviciado como o tempo de escutar todo dia de novo a voz de Jesus que me diz:
Fala o meu amado, e me diz: Levanta-te, minha amada, formosa minha, vem a mim!” Cântico dos Cânticos 2,10.

            E aos que se sentem chamados à Vocação Religiosa e querem fazer um discernimento, deixo aqui o telefone do Noviciado Madre Francisca do Sagrado Coração: 24 2248-4693.

domingo, 13 de agosto de 2017

Vocação Matrimonial

     Olá, somos o casal Ana Roberta e Marcio, um dos casais assessores adultos do EAC. Nos convidaram para falar um pouco sobre nossa vocação matrimonial.
        Saber a nossa vocação não é uma tarefa fácil.
    Primeiramente temos que ter uma intimidade com o Senhor, porque sabemos que somos chamados à santidade, não importa o que fizermos.
      Deus nos dá dons que nos diferencia uns dos outros. Esses dons são nossas habilidades, aptidões, o que nos identifica. Na vocação do matrimônio não é diferente. O que nos chama à atenção é um sentimento de estar com alguém, querer dividir com a pessoa amada suas felicidades, tristezas, etc. Para isso devemos estar atentos aos sinais que o Senhor nos revela, pois Ele nos surpreende sempre!
       Para entender um pouco como isso acontece, vamos contar um pouquinho da nossa história: Eu, Ana Roberta, estava decidida a ir para o convento, pois na época, eu sentia um chamado muito forte, e fui me aconselhar com o Pe. Quinha, que me apoiou muito nessa decisão, mas tinha um porém, mesmo eu sendo católica e também catequista, meus pais já eram evangélicos, e não aprovavam a minha decisão de ser freira. O Pe. Quinha me direcionou para um sacerdote que auxiliava os vocacionados. Ele conseguiu convencer os meus pais a me deixarem ir conhecer o convento.
       No final de janeiro, esse padre levou a mim e mais 3 meninas até o Convento das Irmãs Angélicas em Teresópolis. Conheci a madre superiora, ela me explicou tudo sobre a vida delas no convento, voltei com mais certeza ainda de que eu queria servir a Deus dessa maneira.
     As aulas voltaram e eu estava no último ano de contabilidade. Segundo meus planos, no final do ano me formaria e iria para Teresópolis.
      Os meses se passaram e em junho comecei a trabalhar em um escritório. Lá, eles pediam informações cadastrais para a empresa em que o Marcio trabalhava. Foi aí que começou o conflito, porque já estava tudo certo, eu iria para o convento, etc. Mas desde quando falei com ele por telefone pela primeira vez, fiquei confusa, era muito estranho. Mesmo não o conhecendo pessoalmente, eu estava sentindo algo que eu nunca tinha sentido.
      Um dia, ele resolveu ir até o escritório e ficamos conversando sobre várias coisas, e até comentei que eu iria para o convento. Uma semana depois, ele me convidou para sair, mesmo sabendo que eu queria ser freira. Começamos a namorar, com o consentimento dos meus pais.
      Eu queria entender o que Deus queria para nossas vidas, porque a cada dia o nosso sentimento só aumentava. Quando nos encontrávamos, tínhamos muitos assuntos, partilhávamos nosso cotidiano um com o outro. Começamos a ir à missa juntos, porque até então ele ia na paróquia Nossa Senhora do Rosário. Passamos a ir na paróquia Nossa Senhora do Amor Divino, onde eu participava.
      Como estava próximo o 8º Congresso Diocesano em Teresópolis, decidimos ir junto com o grupo de jovens que eu fazia parte, e também seria uma oportunidade para conversar com a Madre sobre o que estava acontecendo.
      Chegamos no ginásio do Pedrão, algum tempo depois localizamos a Madre e fui até ela, do outro lado da arquibancada, para conversamos. Lhe disse que estava namorando, ela me disse que “Deus sabe todas as coisas”, e que “caso não desse certo o namoro, ela estaria me esperando”. O Marcio me aguardava ansioso, pois havia me dito que “respeitaria minha decisão, qualquer que fosse”. Voltei para o lugar onde estávamos com a certeza de que Deus nos chamava ao matrimônio.
       Já de volta a Petrópolis, quando comentei com algumas amigas sobre essa história, uma delas me pediu para passar os contatos das irmãs do convento em Teresópolis. Ela iria conversar com seus pais, pois a conversa despertou nela o chamado de ser freira.
       O nosso amor foi sendo cultivado ao longo dos meses e no final do ano seguinte, nos casamos, com a graça de Deus! E 5 anos depois, Deus nos abençoou com nossa filha, Lorena, que hoje participa do EAC da Catedral.
       Até hoje, quando vamos ao Pedrão, nos lembramos que foi ali que recebemos a direção da nossa vocação ao matrimônio. Então, não importa a nossa vontade, Deus sempre vai fazer a Dele.
      Realmente, às vezes temos alguns conflitos, mas temos a certeza que Deus está sempre no comando das nossas vidas, pois como diz em Mt 19,6: “Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem o que Deus uniu”.
      E lembrando a amiga que mencionei, hoje ela serve ao Senhor como irmã Angélica em Teresópolis.
Jesus, Maria e José, nossa família vossa é.



Ana Roberta e Marcio Golinelhi
Assessores adultos EAC

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Pastores Como O Bom Pastor

      Salve Maria! Me chamo Marcos Paulo Vieira Mendes, tenho 18 anos e estou na Paróquia da Catedral há um pouco mais de um ano. Assim que cheguei, fiz o JoAM e me apaixonei pelo curso! Nele fiz verdadeiros amigos e lancei minhas raízes na Paróquia através do Setor Juventude. Assumi a coordenação dos Coroinhas, e sirvo nas Missas como Cerimoniário. Nasci e cresci numa família católica, e isso me ajuda enormemente em minha caminhada.
      “O sacerdote não é sacerdote para ele mesmo. Não está para ele, está para vós”. (São João Maria Vianney). Agosto não é o mês do desgosto, mas sim, o mês das Vocações! As vocações são chamados especiais de Deus para cada ser humano. Durante esse mês, a Igreja no Brasil recordará a cada Domingo uma vocação. No 1º domingo (06), recordamos a Vocação Sacerdotal, sobre a qual falarei no presente texto. O dia do padre, foi na última sexta-feira (04) dia da Memória do grande São João Maria Vianney, padroeiro dos Padres.
      Deus instituiu o Sacerdócio em Seu povo através de Santo Aarão, irmão de Moisés e 1º Sacerdote de Israel. Na Antiga Aliança, o Sacerdote ofertava a Deus em favor do povo um sacrifício animal que não era perfeito e completo e, portanto, deveria ser realizado diversas vezes a fim de agradar ao Senhor. O Sacerdócio ministerial como conhecemos hoje, foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Ceia. Na Nova e Eterna Aliança, o sacrifício é o próprio Cristo Jesus, que foi imolado de uma vez por todas na cruz. Na Missa o padre não oferta um outro sacrifício, diferente daquele ofertado por Cristo, mas o torna presente no Altar, pois todo Sacerdote é participante do Sacerdócio do Sumo e Eterno Sacerdote, que é o Cristo Senhor.
      Todo Sacerdote abandona sua casa e uma gama diversa de possibilidades num futuro profissional. Todo Sacerdote se priva de contrair Matrimônio e construir uma família. Mas nada disso é um fardo àquele que tem a Vocação, pois Cristo completa o Padre totalmente. Ainda novo, o candidato ao Sacerdócio entra no Seminário para discernir corretamente sua vocação e se preparar para o Sacerdócio. Lá, entre outras coisas, ele se forma nas Faculdades de Filosofia e Teologia, e estuda Latim e Grego. Além de viver experiências pastorais que o preparam para a vida com Padre.
      Um Padre deve ser um homem cheio de amor, que está sempre disposto a acolher e amar a todos! Assim deve ser, pois o modelo de Sacerdote é o Cristo Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas. Como diz a frase de abertura do texto, o Sacerdote não vive para si mesmo, mas para o povo. Isso é um reflexo do Sacerdócio de Cristo, que se doa a toda a humanidade.
      Quem sentir em seu coração um chamado para a vida sacerdotal, deve procurar um padre para lhe acompanhar e aconselhar, de preferência o padre de sua Paróquia ou um outro Sacerdote que se disponibilize a ser seu diretor espiritual. Se seu ‘’conselheiro vocacional’’ achar em você sinais claros da Vocação, ele provavelmente irá recomendar que você procure um Seminário e faça um acompanhamento com o Padre Reitor para que ele lhe indique os caminhos da Vocação e lhe ajude no discernimento. A Oração e a vida interior são essenciais para um verdadeiro e frutuoso discernimento vocacional.
      Cabe a nós, leigos, sustentar o Clero através de nossas orações incessantes pela santificação e perseverança daquele a quem Deus chamou para nos guiar como Pastores até o Reino dos Céus. Amemos os Padres, oremos por eles, estejamos sempre dispostos a colaborar com o que eles necessitarem e que está ao nosso alcance fazer para o maior bem da comunidade. Peçamos também a Deus que Ele suscite no coração de nossos jovens a Vocação sacerdotal, dando a Seu povo numerosas e santas vocações! ‘’Todo homem nasce para ser pai. Apenas de alguns, ou de muitos!’’ (Autor Desconhecido)

       

           Marcos Paulo V. Mendes
Coordenador dos Coroinhas
Cerimoniário
Membro do Setor Juventude

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Vocação, um chamado de Deus

      Olá, meu nome é Gabriela, tenho 20 anos. Estou no 6° período do Curso de Pedagogia e atualmente coordeno o Setor Juventude da paróquia de São Pedro de Alcântara.
      Nos foi proposto nesse texto refletirmos um pouco sobre um tema, importantíssimo para nossa vida de Cristãos. Porém, muitas vezes, temos um pouco de medo. Medo da nossa vontade não ser a mesma que a de Deus. Diante dele, nos é pedido coragem, pois aquele que nos criou, sempre tem o melhor preparado para cada um de nós. Só precisamos olhar além do medo e confiar nos seus planos. Vamos lá, então.
      Durante o mês de agosto a Igreja nos convida a rezar e a refletir acerca das vocações.
      A palavra vocação vem do latim VOCARE, que quer dizer: convocar, escolher, chamar. Ou seja, é uma convocação, uma escolha de Deus por uma alma, para cumprir uma missão. Um chamado de Deus.

Em Efésios 4,11-12, temos:
“11 A uns ele constituiu apóstolo; a outros profetas; a outros evangelistas, pastores, doutores,12 para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa a construção do Corpo de Cristo. “

      Com essa passagem, podemos refletir e ver que cada um de nós somos chamados a uma missão e que esta missão contribui para a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Com isso, nos colocamos diante de uma pergunta: Para que serve a minha vida? Para que sou chamado?
       Para encontrar uma resposta para essa pergunta, o primeiro ponto e algo essencial, é não ignorarmos a existência dessa pergunta, e leva-la a sério, pois, não ignorando a pergunta, iremos atrás de uma resposta. Assim começaremos a percorrer o caminho que nos levará à resposta.
       Diante desse caminho encontraremos sinais. E como entende-los? Como esclarecer as dúvidas?
      Há um tempo, logo no início das minhas direções espirituais, meu diretor indicou-me um livreto que trata exatamente sobre essa questão. Gostaria de compartilhar com vocês alguns critérios que ele apresentava e que pode nos ajudar a reconhecer ao que somos chamados.
     O livreto traz a reflexão do padre Julián Carrón com um grupo de formandos sobre o tema vocação.
      O primeiro critério que ele destaca para a descoberta da vocação é reconhecermos os nossos dotes naturais. Ou seja, cada um de nós traz consigo uma série de capacidades, dons que nos foram dados por Deus e que precisamos colocar a serviço, pois nos foram dados por algum motivo.
    Por isso, estar atento aos nossos dons nos ajuda no discernimento vocacional. A simplicidade e a sinceridade de olhar e reconhecê-los é o primeiro sinal que a realidade a qual somos chamados nos oferece.
       Fomos criados para algo, todos somos chamados a uma vocação. E com isso, os dons que o próprio Deus nos deu, nos ajudará a realizar esse chamado.
   O Segundo Critério é estarmos atentos às circunstâncias inevitáveis, pois elas determinam a possibilidade ou não de fazermos certas coisas. Por exemplo: Um atleta que pretende ir às olimpíadas, mas acaba sofrendo um acidente e fica impossibilitado de participar. Imaginem que ele teime em ir. Isso seria um capricho, uma imprudência. Prejudicando até mesmo sua recuperação. 

            D.Giussani dizia: “A circunstância inevitável é 100% sinal do caminho a ser seguido. Por isso, não existe nada mais amigo, do que a circunstância inevitável. ”

      Abraçar as circunstâncias como parte do caminho é elemento fundamental para esperar como o Senhor nos fará chegar ao destino. Tudo se torna instrumento para a vocação.
      O Senhor nos guia através dessas circunstâncias.
     O terceiro critério é atentar para a necessidade do mundo e da comunidade Cristã. Do que o mundo precisa? Do que a Igreja precisa?
     Haverá momentos que a urgência será por homens e mulheres que façam a diferença no trabalho, na família. E outros momentos em que será necessário homens e mulheres que se entreguem totalmente a Deus. Estar atentos a essas necessidades também fazem com que desperte em nós, a possibilidade de servir ali, porém a decisão deve nascer do conjunto de todos os fatores.

Com isso se torna indispensável outras coisas, como:
- Uma sincera e profunda vida de oração. Para que possamos estar atentos aquilo que o próprio Deus nos diz. Nada melhor do que obter as respostas da própria Pessoa que nos chama.

- O acompanhamento de um diretor espiritual. Uma pessoa que será instrumento de Deus, para nos orientar e nos direcionar, para que atentos ao chamado de Deus, seguimos o caminho correto, já que às vezes temos pressa em encontrar a resposta e acabamos indo pelo caminho errado por não esperamos a clareza dos sinais.

      Amigos, precisamos durante todo o caminho estar abertos a vontade de Deus. Pois muitas vezes, podemos ver com clareza e não estar disponíveis para acolhê-lo.
       Porém, “A escolha entre um caminho e outro não pode ser uma criação nossa, mas deve ser um reconhecimento nosso. Devemos reconhecer algo para o qual fomos destinados. Não deve ser uma decisão nossa no sentido de que a nossa vontade construa a própria posição, mas no sentido de que a nossa liberdade adira a indicação que nos assinala o caminho”, diz padre Carrón aos estudantes.
       A vocação não é uma ordem. É um convite de Cristo, temos a liberdade de aceitar esse chamado ou não. Porém, fomos criados para uma missão e a nossa felicidade completa, plena depende dessa realização. Uma realização pessoal e até mesmo de outras pessoas, pois a adesão à nossa vocação influência diretamente na edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja. Já que cada um de nós possui um chamado e foi criado por Deus com esse chamado dentro de si. Nosso desafio é estarmos a atentos e identificar a que fui chamado. Com o que Cristo conta comigo.
      Que possamos aproveitar esse mês de agosto, para rezarmos por todos os sacerdotes, seminaristas, consagrados, casais, leigos que conhecemos e os que não conhecemos para que Cristo continue colocando em seus corações a certeza da vocação a qual foram chamados. E que possam cada vez mais se enraizarem em Cristo e através do testemunho desses, que ouviram a voz do Bom Pastor e O Seguiram, nasça em nosso coração o desejo e a responsabilidade de também ouvirmos a voz do Bom Pastor e o seguir.
      Nosso blog, durante esse mês, nos ajudará também a refletir sobre as vocações. Tais como, vocação sacerdotal, religiosa, matrimonial e dos leigos. Com isso, poderemos juntos percorrer esse caminho que nos levará à felicidade eterna. Estejamos atentos à voz do Bom Pastor.
      Que possamos aumentar nossa atenção ao Chamado de Cristo que já acontece em nossas vidas. Mesmo que ainda tenhamos dúvidas sobre qual vocação seguir, existe uma que é para todos e que passa por todas que é a vocação à Santidade.
     Quanto mais buscarmos a santidade, mais próximos de Deus estaremos e assim, quanto mais próximos Dele, mais fácil ouvir sua voz.



Que Nossa Senhora de Fátima interceda por todos nós!

Gabriela Correa Ramos
II EAC Catedral – 2011
JoAM Diocesano – 2014
Coordenadora do Setor Juventude - Catedral

Pensando o futuro

     “Marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como todo dia nasce novo em cada amanhecer” . Depois de passarmos das festas de final de...