Discernimento
Preparação
para a santidade
Esse é o mês dos namorados. Mas antes de formar um casal, ou até mesmo durante o namoro, uma pergunta marca o caminho dos católicos: "afinal, qual é a minha vocação?" Para responder isso, só mesmo um bom tempo de discernimento. Nesse texto, compartilho com vocês como foi o meu discernimento. Espero poder acrescentar em algo na caminhada de vocês! Sou Nathália Pujol, namorada do Victor Mano.
Há
algum tempo esse texto deve ser escrito, mas só depois que o discernimento
passou, posso falar dele com mais clareza.
“Discernir
nossa vocação” não estava nos nossos planos antes de Victor e eu começarmos a
namorar. Meu diretor quase me deu uns tapas por causa disso. Mas algo marcou
muito o 1 ano de convivência que tivemos antes do nosso primeiro beijo: a nossa
amizade. Foi o discernimento que fizemos para dar um passo a mais. Foi em uma
boa amizade que preparamos nossos corações para o namoro. Em cada momento dessa
história imagine dois apaixonados que, acima de tudo, marcaram seu caminho com
oração e uma boa amizade. Pois sem intimidade suficiente, não poderíamos
compartilhar um com o outro os segredos do coração.
Nosso
namoro era encantador, estávamos muito felizes, mas Nosso Deus e Senhor queria
algo a mais de nós. Depois de alguns meses de namoro o Victor compartilhou
comigo o desejo que crescia em seu coração de ser padre. Eu não tinha a menor
ideia de como me comportar diante desse anúncio. Mas demos uma grande atenção
ao seu discernimento. Chegou um momento, porém, que vimos que não seria mais
possível continuarmos juntos para um verdadeiro discernimento. Até porque, eu
estava indo embora para o exterior. Terminamos. Mas não durou muito, a dúvida e
a saudade bateram e resolvemos encarar isso tudo juntos.
1
ano depois, havia crescido no meu coração o desejo de ser missionária. E para
que eu pudesse assim bem servir à Deus, via que a vida religiosa seria a mais
indicada. Queria me entregar por inteiro ao trabalho de evangelização e
conversão do mundo. E Victor também desejava o mesmo. Ele queria ser padre e
eu, freira. Mas eu já estava de volta e podíamos ficar juntos de novo, como não
ficamos durante 1 ano. O que fazer? Era como estar diante de uma bifurcação.
Ambos os caminhos nos levariam à santidade, tão almejada. Mas em qual deles
Deus estaria nos esperando? Isso não sabíamos. Precisamos terminar de novo.
Durante
aquele ano, Victor estava fazendo discernimento no Seminário Diocesano. Cada
vez mais admirado com a vida sacerdotal. E eu, estava atacando todas as freiras
que via na rua, querendo saber mais sobre suas congregações, suas atividades e
o quão dedicadas às missões elas eram. Pela primeira vez, consegui começar a
discernir minha vocação, com 1 auxilio do meu diretor. Compartilhava com ele
todas as alegrias e decepções que encontrava nesse meu percurso pelos conventos
da cidade.
Um
dia, no final de uma Missa, conheci, por providência divina, a Irmã Sandilene.
Filha da Caridade, ela me levou à um mergulho por toda a espiritualidade de São
Vicente de Paulo e de Santa Luiza de Marillac. Meu encantamento por seus trabalhos,
crescia a cada dia, e o medo de me tornar freira também. Minha Família estava
desapontada que eu poderia não me casar, mas trataram o assunto com menos
desespero que eu previa.
Preciso
lembrar que meu discernimento não se concentrava só na vocação religiosa x
matrimonial, mas também profissional e geográfico. Como assim? Dê uma olhada,
esse quadro me ajudou a refletir sobre tudo isso:
Um
monge alemão me orientou escrever todo dia, para onde o meu coração se
inclinava: pro matrimonio ou pra vida religiosa. No final de cada mês deveria
fazer um balanço para ver para qual lado estava mais voltada. Se isso realmente
me ajudaria, não sabíamos, mas era um bom começo!
Achei
tão divertido que resolvi colocar na parede, com todas as dúvidas que estavam
na minha cabeça: se me tornava freira ou me casava, se estudava cervejaria ou
medicina, se ficava na Alemanha ou voltava pro Brasil.
No
fim de tudo, eu havia me apaixonado pela Alemanha, mas com o coração
brasileiro, preferi ficar por aqui e estudar Psicologia (não, não mais medicina
x cervejaria). E Victor e as Filhas da Caridade? Eu também estava apaixonada
pelo carisma delas, mas meu coração não estava lá. Na mesma semana que descobri
isso, Victor decidiu não entrar no seminário. Ele também não via que lá estava
seu chamado. Decidimos voltar a pensar no “nós”. Em construir uma família, em
sermos santos juntos.
Mas
o discernimento não podia parar. Agora, mais do que nunca, precisávamos ter
certeza de onde Deus nos queria. E para que vivêssemos bem esse tempo, um
conselho do meu diretor foi super importante: “vocês precisam cultivar a
distância externa, para purificar a internar”. Ou seja, por mais que
quiséssemos logo andar por ai de mãos dadas, precisávamos manter o foco no
discernimento, para que pudéssemos ouvir a voz de Deus no nosso coração.
O
prazo final seria a Páscoa de 2017. Se fosse do agrado de Deus que voltássemos
a ser um casal, voltaríamos a namorar só depois da ressurreição de Nosso
Senhor. E nosso maior foco da Quaresma foi ter certeza disso.
Quando
chegou a Quinta-feira Santa, Victor e eu já tínhamos quase toda a certeza de
que deveríamos voltar. A chama da paixão que havia em nossos corações, havia
sido reacesa. Nós tínhamos certeza de que nos amávamos. Mas eu estava aflita,
porque espera ainda um sinal seguro de Deus. Preparei uma carta e estava indo
levar para a Irmã “Sandi”. Antes de chegar até ela, Victor me encontrou, de
surpresa, e me entregou uma rosa. Quando encontrei a Irmã, não falamos nada
sobre o discernimento, tudo o que eu precisava dizer estava na carta. Mas
batemos papo, como há tempo não fazíamos e ela me entregou um pão de mel.
Com
aquela rosa e aquele pão de mel, fui para a Missa do Lava-pés. E depois,
Vigília. Eu não tinha muito tempo de oração, minha família me esperava em casa.
Eu disse isso para Deus. Não se apressa Deus, mas eu disse que não podia
esperar mais por uma confirmação 3 sua. E olhando para aquele pão de mel,
chorei. Chorei pensando que podia ou não ser freira. Mas quando olhei para a
rosa, chorei com a certeza de que seria mãe. Uma alegria tomou conta do meu
coração e eu não tinha mais dúvida: ao lado do Victor era o meu lugar. Era o
lugar que o Senhor havia nos preparado.
Agora
estávamos juntos de novo, rumo a uma vida santa, com a Graça do mesmo Deus que
nos uniu há 3 anos atrás. O discernimento só acaba no altar. Mas já temos mais
certeza do nosso lugar, porque estávamos muito felizes. E vocação nenhuma nos
garante a felicidade, se não a certa!!
Fico
feliz de o meu discernimento ter me levado a tomar essas decisões, mas vou
sentir falta mesmo era daquele quadro, porque do nervosismo, da angústia e das
noites sem dormir, não tô querendo matar saudade não.
Por
fim, meus conselhos são:
-
Procure um diretor espiritual o mais rápido possível. Esteja você discernindo
vocação ou não;
-
Se não está discernindo sua vocação, comece, quanto mais cedo, melhor;
-
Faça quadros como o meu, para visualizar suas opções, mas lembre-se: eles não
são remédios, pode ser que mais se decepcione do que se tranquilize. Mas posso
garantir que são muito divertidos e que, com criatividade, poderá brincar de
decorá-los.
-
Enquanto discerne sua vocação, silencie o máximo possível e ouça o coração, com
auxílio da razão. Pois assim, ouvimos a voz de Deus. E Ele que nos tomará pela
mão e nos levará pelas águas mais profundas do mar que Ele mesmo desejar. Não
tenha medo.
-
Tenha boas amizades e, se de uma boa amizade, vier uma vocação, conte sempre
com a benção de Deus e siga os conselhos do próximo post…
Nathália Pujol,
namorada de Victor Mano.