segunda-feira, 26 de junho de 2017

Discernimento
Preparação para a santidade

          Esse é o mês dos namorados. Mas antes de formar um casal, ou até mesmo durante o namoro, uma pergunta marca o caminho dos católicos: "afinal, qual é a minha vocação?" Para responder isso, só mesmo um bom tempo de discernimento. Nesse texto, compartilho com vocês como foi o meu discernimento. Espero poder acrescentar em algo na caminhada de vocês! Sou Nathália Pujol, namorada do Victor Mano.
Há algum tempo esse texto deve ser escrito, mas só depois que o discernimento passou, posso falar dele com mais clareza.
“Discernir nossa vocação” não estava nos nossos planos antes de Victor e eu começarmos a namorar. Meu diretor quase me deu uns tapas por causa disso. Mas algo marcou muito o 1 ano de convivência que tivemos antes do nosso primeiro beijo: a nossa amizade. Foi o discernimento que fizemos para dar um passo a mais. Foi em uma boa amizade que preparamos nossos corações para o namoro. Em cada momento dessa história imagine dois apaixonados que, acima de tudo, marcaram seu caminho com oração e uma boa amizade. Pois sem intimidade suficiente, não poderíamos compartilhar um com o outro os segredos do coração.
Nosso namoro era encantador, estávamos muito felizes, mas Nosso Deus e Senhor queria algo a mais de nós. Depois de alguns meses de namoro o Victor compartilhou comigo o desejo que crescia em seu coração de ser padre. Eu não tinha a menor ideia de como me comportar diante desse anúncio. Mas demos uma grande atenção ao seu discernimento. Chegou um momento, porém, que vimos que não seria mais possível continuarmos juntos para um verdadeiro discernimento. Até porque, eu estava indo embora para o exterior. Terminamos. Mas não durou muito, a dúvida e a saudade bateram e resolvemos encarar isso tudo juntos.
1 ano depois, havia crescido no meu coração o desejo de ser missionária. E para que eu pudesse assim bem servir à Deus, via que a vida religiosa seria a mais indicada. Queria me entregar por inteiro ao trabalho de evangelização e conversão do mundo. E Victor também desejava o mesmo. Ele queria ser padre e eu, freira. Mas eu já estava de volta e podíamos ficar juntos de novo, como não ficamos durante 1 ano. O que fazer? Era como estar diante de uma bifurcação. Ambos os caminhos nos levariam à santidade, tão almejada. Mas em qual deles Deus estaria nos esperando? Isso não sabíamos. Precisamos terminar de novo.
Durante aquele ano, Victor estava fazendo discernimento no Seminário Diocesano. Cada vez mais admirado com a vida sacerdotal. E eu, estava atacando todas as freiras que via na rua, querendo saber mais sobre suas congregações, suas atividades e o quão dedicadas às missões elas eram. Pela primeira vez, consegui começar a discernir minha vocação, com 1 auxilio do meu diretor. Compartilhava com ele todas as alegrias e decepções que encontrava nesse meu percurso pelos conventos da cidade.
Um dia, no final de uma Missa, conheci, por providência divina, a Irmã Sandilene. Filha da Caridade, ela me levou à um mergulho por toda a espiritualidade de São Vicente de Paulo e de Santa Luiza de Marillac. Meu encantamento por seus trabalhos, crescia a cada dia, e o medo de me tornar freira também. Minha Família estava desapontada que eu poderia não me casar, mas trataram o assunto com menos desespero que eu previa.
Preciso lembrar que meu discernimento não se concentrava só na vocação religiosa x matrimonial, mas também profissional e geográfico. Como assim? Dê uma olhada, esse quadro me ajudou a refletir sobre tudo isso: 



  
Um monge alemão me orientou escrever todo dia, para onde o meu coração se inclinava: pro matrimonio ou pra vida religiosa. No final de cada mês deveria fazer um balanço para ver para qual lado estava mais voltada. Se isso realmente me ajudaria, não sabíamos, mas era um bom começo!
Achei tão divertido que resolvi colocar na parede, com todas as dúvidas que estavam na minha cabeça: se me tornava freira ou me casava, se estudava cervejaria ou medicina, se ficava na Alemanha ou voltava pro Brasil.
No fim de tudo, eu havia me apaixonado pela Alemanha, mas com o coração brasileiro, preferi ficar por aqui e estudar Psicologia (não, não mais medicina x cervejaria). E Victor e as Filhas da Caridade? Eu também estava apaixonada pelo carisma delas, mas meu coração não estava lá. Na mesma semana que descobri isso, Victor decidiu não entrar no seminário. Ele também não via que lá estava seu chamado. Decidimos voltar a pensar no “nós”. Em construir uma família, em sermos santos juntos.
Mas o discernimento não podia parar. Agora, mais do que nunca, precisávamos ter certeza de onde Deus nos queria. E para que vivêssemos bem esse tempo, um conselho do meu diretor foi super importante: “vocês precisam cultivar a distância externa, para purificar a internar”. Ou seja, por mais que quiséssemos logo andar por ai de mãos dadas, precisávamos manter o foco no discernimento, para que pudéssemos ouvir a voz de Deus no nosso coração.
O prazo final seria a Páscoa de 2017. Se fosse do agrado de Deus que voltássemos a ser um casal, voltaríamos a namorar só depois da ressurreição de Nosso Senhor. E nosso maior foco da Quaresma foi ter certeza disso.
Quando chegou a Quinta-feira Santa, Victor e eu já tínhamos quase toda a certeza de que deveríamos voltar. A chama da paixão que havia em nossos corações, havia sido reacesa. Nós tínhamos certeza de que nos amávamos. Mas eu estava aflita, porque espera ainda um sinal seguro de Deus. Preparei uma carta e estava indo levar para a Irmã “Sandi”. Antes de chegar até ela, Victor me encontrou, de surpresa, e me entregou uma rosa. Quando encontrei a Irmã, não falamos nada sobre o discernimento, tudo o que eu precisava dizer estava na carta. Mas batemos papo, como há tempo não fazíamos e ela me entregou um pão de mel.
Com aquela rosa e aquele pão de mel, fui para a Missa do Lava-pés. E depois, Vigília. Eu não tinha muito tempo de oração, minha família me esperava em casa. Eu disse isso para Deus. Não se apressa Deus, mas eu disse que não podia esperar mais por uma confirmação 3 sua. E olhando para aquele pão de mel, chorei. Chorei pensando que podia ou não ser freira. Mas quando olhei para a rosa, chorei com a certeza de que seria mãe. Uma alegria tomou conta do meu coração e eu não tinha mais dúvida: ao lado do Victor era o meu lugar. Era o lugar que o Senhor havia nos preparado.
Agora estávamos juntos de novo, rumo a uma vida santa, com a Graça do mesmo Deus que nos uniu há 3 anos atrás. O discernimento só acaba no altar. Mas já temos mais certeza do nosso lugar, porque estávamos muito felizes. E vocação nenhuma nos garante a felicidade, se não a certa!!
Fico feliz de o meu discernimento ter me levado a tomar essas decisões, mas vou sentir falta mesmo era daquele quadro, porque do nervosismo, da angústia e das noites sem dormir, não tô querendo matar saudade não.
Por fim, meus conselhos são:
- Procure um diretor espiritual o mais rápido possível. Esteja você discernindo vocação ou não;
- Se não está discernindo sua vocação, comece, quanto mais cedo, melhor;
- Faça quadros como o meu, para visualizar suas opções, mas lembre-se: eles não são remédios, pode ser que mais se decepcione do que se tranquilize. Mas posso garantir que são muito divertidos e que, com criatividade, poderá brincar de decorá-los.
- Enquanto discerne sua vocação, silencie o máximo possível e ouça o coração, com auxílio da razão. Pois assim, ouvimos a voz de Deus. E Ele que nos tomará pela mão e nos levará pelas águas mais profundas do mar que Ele mesmo desejar. Não tenha medo.
- Tenha boas amizades e, se de uma boa amizade, vier uma vocação, conte sempre com a benção de Deus e siga os conselhos do próximo post…

Nathália Pujol,
namorada de Victor Mano.


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