segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A Vida Religiosa: Abertura aos Planos de Deus

Paz e Bem!
            Eu me chamo Mayara, sou noviça na Congregação das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, e moro no Noviciado Madre Francisca do Sagrado Coração, que faz parte da paróquia da Catedral, estamos bem aqui pertinho da Capela Nossa Senhora das Graças.
            Mas o que significa isso? Você pode estar se perguntando e, ainda, porque estou escrevendo isso aqui? Bem, me pediram para partilhar sobre a vocação à vida religiosa. Mas será que vai ser aquela mesma coisa de sempre, de mês vocacional e etc e tal? Bom eu vou tentar não fazer isso, até porque existem documentos, tratados, livros e reflexões que explicam teologicamente e sistematicamente o que é a vocação e isso eu (ainda) não sei fazer, mas o que eu posso fazer é falar um pouco de mim, da minha história e como eu me encontro hoje na Vida Religiosa.
            Bem, a minha história é cheia de fatos marcantes, de indecisões, inquietações e descobertas, mas talvez não seja uma história diferente de outras histórias que você conheça ou já tenha ouvido por aí. Mas se tratando de Jesus, sempre precisamos ter a certeza de que Ele só conta até 1, e que pra cada 1 Ele tem um chamado e espera uma resposta única.
            Foi somente no final da minha adolescência que eu comecei a levar bem a sério as coisas da Igreja e, dentre várias coisas que me encantavam na Igreja, a Vida Religiosa era só uma coisa que eu considerava bonita, necessária, mas de longe, sem nunca ter pensado nisso como possibilidade real. Para os meus poucos anos de caminhada na Igreja, ser freira era algo legal, mas definitivamente não era para mim. Na minha cabeça deveria ser para quem tivesse algo de especial, para quem não pecasse e que estivesse bem perto do céu. Foi então que pra minha surpresa, eu comecei a me sentir chamada ou tocada, por algo que eu não sabia explicar e não entendia, sem nada de extraordinário ter acontecido, a minha vida pastoral – paroquial ia me deixando mais inquieta do que em paz, tudo parecia muito confuso, até porque eu já tinha uma vida toda planejada, eu trabalhava pra custear o sonho da faculdade, queria ter um emprego melhor, um carro, um bom namorado, participar dos eventos da paróquia e me sentir bem com Deus e comigo mesma.
            Mas o tempo de preparação para a Crisma foi um tempo de me aprofundar de verdade no seguimento de Cristo, afinal eu já tinha 18 anos e estava decidida a seguir Jesus, mas não sabia como. Eu, então, comecei a rezar para descobrir isso, mas Vida Religiosa nunca foi algo no meu horizonte, mas ela surgiu, como resposta às minhas orações, através da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, foi como eu conheci a Congregação, e logo no primeiro contato telefônico eu disse a irmã do outro lado da linha que eu não sabia o porquê eu estava ligando. A irmã me disse naquele momento que eu não precisava saber, só precisava estar aberta aos planos de Deus pra minha vida. Isso é algo muito sério: ESTAR ABERTO (A) AOS PLANOS DE DEUS, e a vida religiosa se trata basicamente disso, de estarmos abertos aos planos de Deus.
            Você alguma vez se perguntou ou rezou sobre isso? Certamente você já deve ter cantado alguma música que fale sobre isso, mas de verdade já pensou se você está disposto a colocar os planos de Deus acima dos planos que você ou que sua família fizeram para a sua vida? Pense nisso, ou melhor, reze sobre isso.
            Eu não fiz isso, bom até fiz, pensei e rezei e fui percebendo aos poucos que Jesus me pedia algo mais, que eu não era chamada a viver uma vida só pra mim, mas que o “eu” deveria alargar o meu coração. E quando eu percebi isso, eu tive medo, mas muito medo mesmo, afinal eu ainda tinha uma ideia errada de que a Vida Religiosa era coisa para gente perfeita, de gente que nem pecado tinha. E com muito medo, eu parei algo que chamamos de Acompanhamento Vocacional, que na verdade é um processo lindo, de autodescoberta, de oração e de reflexão, onde uma irmã bem experiente tinha a missão de me ajudar a discernir se a minha vocação era ou não a vida religiosa. Eu estava ali vendo e vivendo esse processo, mas o medo e a vontade de fazer tudo do meu jeito ao invés de tentar (só tentar) fazer do jeito de Deus, me fizeram sair desse processo.
            Já pensou sobre isso? Nas vezes que deixamos de olhar diretamente pra Jesus por medo? Nas vezes que fechamos nossos ouvidos pra coisas que o Senhor tem nos falado tão claramente?
            Eu sai do acompanhamento vocacional, e fui “viver a minha vida”, comecei uma faculdade, namorei, mudei de emprego, e continuei a fazer tudo o que eu fazia antes, sair com os amigos, participar da Igreja, ir a praia e etc. Mas algo estava diferente, não nas coisas que eu fazia, mas dentro de mim. Eu tinha sido tocada, eu me sentia chamada, e parecia que Jesus estava sempre me pedindo mais alguma coisa. E mesmo tentando lutar contra, acabei por reconhecer que é uma luta desigual, e que ao invés de perder eu só tinha a ganhar por fazer a vontade de Deus pra minha vida. E então, eu voltei para o Acompanhamento Vocacional e fui rezando e chorando, sorrindo e compreendendo que um Carisma não é algo que eu possa escolher, mas que é algo que já estava dentro de mim, e que na verdade eu não precisava entender tudo, que eu só precisava é me entregar à vontade de Deus e ao chamado que Jesus estava me mostrando, e isso é algo tão surpreendente como uma montanha russa que tira tudo do lugar, mais mesmo assim a gente desce de lá sem controlar o riso. E é disso que se trata a Vida Religiosa Consagrada: de responder ao chamado de Deus. A iniciativa é sempre d’Ele, e temos até a liberdade de dizer não, mas para quem é chamado, só o SIM traz a felicidade, aquela verdadeira que nasce do Coração de Jesus.
            Bom, isso é um pouco da minha história, que ainda esta sendo construída, na busca em viver de verdade uma vida Casta, em Pobreza e em Obediência, espalhando o Amor do Coração de Jesus a partir da espiritualidade de São Francisco pelo mundo, ou no pedaço de mundo a qual o Senhor me enviar, por enquanto estou aqui por Petrópolis vivendo o noviciado como o tempo de escutar todo dia de novo a voz de Jesus que me diz:
Fala o meu amado, e me diz: Levanta-te, minha amada, formosa minha, vem a mim!” Cântico dos Cânticos 2,10.

            E aos que se sentem chamados à Vocação Religiosa e querem fazer um discernimento, deixo aqui o telefone do Noviciado Madre Francisca do Sagrado Coração: 24 2248-4693.

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